desejo & despejo




logo hoje que quebrei
minha caneca preferida,
fui demitida, sem razão,
da minha própria vida.

mas tenho ainda
essas taças para vinho,
pero, imagine,
de contrapartida,
nenhuma garrafa se atreve.

todos os dias
eu respiro cuidadosamente
para que o ar quente e contaminado
dos meus alvéolos pumonares
não desperte-me todos os medos.

gostaria de um escape,
um escapulário,
ou de um santo forte e ilibado
que não aceite propinas e promessas
e que maquine com fervor uma prece

pra arrastar esse fardo,
desatar
esse meu nó apertado.

Um comentário:

  1. Adorei! Especialmente os primeiros versos. Eu também já me senti demitida da minha própria vida algumas vezes...

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