metamorfose lancinante

O pardal abocanha a borboleta
que se debate
e junta a força
obsoleta
pra se libertar

e eu aqui
onde não deveria estar.

a essa altura, no telhado,
entre a fumaça
e esse fio desencapado

coloco cacos na balança,
o esmiuçado duma vida horrível,
pessoal e intransferível
que insisto em carregar.

nunca estive totalmente pronta
pro que eu quiser,
pro que der e pro que for
sou apenas véspera,
parco espectro espectador.

precisaria de um grito,
de um saculejo
desfribilador,

o escambau,

e então um dia
eu seria o pardal.

2 comentários:

  1. também ando precisando de uma renovação, algo que me sacuda, que me dê um sinal de que nada disso é em vão...
    Bjos!!!

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  2. "nunca estive totalmente pronta
    pro que eu quiser,
    pro que der e pro que for
    sou apenas véspera,
    parco espectro espectador."

    Fodesia!

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