SERRA - Edu Perrone


Do céus veio a massa tsunâmica
Depurando a vida
Que nunca se preservou.
E em meio ao horror,
O céu me pareceu
A ante sala do Inferno.
Os porquês eu já sabia:
Da omissão advém
O descaso eterno.

Causa e efeito bem explicados,
Ricos e pobres
Morrendo lado a lado,
E a suprema hipocrisia
Deste podre poder
Dizendo
Para quem quiser ouvir,
O que nunca quis responder:
“Foi uma fatalidade!
Amamos esta cidade,
E vocês verão o que faremos agora...”

Será mais, do mesmo sempre.
A obra tocada sem demora,
Sem estudo, nem licitação.
Vidas humanas negociadas em leilão,
Produzindo riquezas alimentadas por tristezas,
Que logo num edital sem vergonha
Trará estampado em letras colossais:
“RECONSTRUÇÃO DA CIDADE TAL,
TOMADA DE PREÇO
DE SERVIÇOS, BENS E MATERIAIS”

E logo virá o carnaval anestesiante!
E a crença de que um povo ignorante,
É , ainda, também esquecido!
Em resumo:
Estamos todos fodidos,
Pois só nos resta chorar, solidarizar,
E quitar, à vista e com desconto,
O carnê do Iptu.
Caso sobre algum troco,
Que compremos pomada
Para aliviar a porrada
De quem toma
De forma civilizada e organizada
Bem dentro
Do
Cu.

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