poema de todo dia

te entrego o teu jornal,
molhado e amassado,
e meu batom, meio borrado,
da mordida na maçã.

nesses dias, em que nada espero,
até mesmo essa tela avulsa
me preenche daquilo
que eu não quero

se ao menos já fosse noite
se ao menos já fosse, apenas,
preferiria
essa cicatriz
ao sangue mal coagulado.

economizo versos de ocasião perfeita
e idéias péssimas
e alheias
me abarrotam a cabeça,
em dias como este.

queria, ao menos, trincar esse copo
com a força da minha mente
e te deitar numa cama de palha,
com o sol pintando a parede
e te amar como, loucamente,
nunca amei sequer a mim.

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